IgM 10% IgGs (em conjunto) 70 a 75% IgA1 15 a 20%
Nos tecidos
IgM sangue (não atravessa o endotélio senão em locais inflamatórios; não atravessa a placenta)
mIgM linfócitos B (membrana)
IgGs sangue (atravessam a placenta) e outros tecidos conjuntivos
IgA1 sangue
IgA2 secreções (inclusivamente glândulas mamárias), sob a forma de dímero (IgA das secreções ou sIgA)
IgD linfócitos B (membrana)
IgE locais inflamatórios
Por funções
Efectoras
Classe/ | Complemento | Fagocitose | ADCC | |
Subclasse | via clássica | via FcR | via FcRa | Neutralização |
IgM | SIM | SIM | ||
IgG1 | SIM | FcgRI | (FcgRIIa / FcgRIII) | SIM |
IgG2 | SIM | |||
IgG3 | SIM | FcgRI / FcgRIIa | FcgRIIa / FcgRIII | SIM |
IgG4 | FcgRI | SIM | ||
IgA1 | FcaR | SIM | ||
sIgA | SIM | |||
IgE | FceRI | SIM |
Comentário: a função de neutralização das IgG2 e das sIgAs, por ser a única que se conhece nelas, pode ter a importância de não provocarem efeitos secundários como por exemplo reacções de hipersensibilidade; a localização das duas evidencia uma possível complementaridade entre elas. Mas também pode significar, trivialmente, que outras funções destas duas classes são apenas desconhecidas.
Reguladoras (activação das células do sistema imunitário)
Formas de membrana nos linfócitos B
mIgM IgD
Via FcRs
IgM::Fc R linfócitos B
IgG3::Fc RII plaquetas
IgE::Fc RI mastócitos e basófilos, plaquetas, APCs excepto B (receptor é induzido por citoquinas)
IgE::Fc RIIa linfócitos B
IgE::Fc RIIb APCs excepto B (receptor é induzido por citoquinas)
Imunidade humoral vs. imunidade mediada por células -- Refere, respectivamente, uma componente efectora da resposta imunitária que é dependente de anticorpos e outra componente ligada a mecanismos de citotoxicidade. Mas trata-se de uma extrapolação a partir da definição "operacional" feita originalmente. A imunidade humoral é aquela que pode ser transferida com o soro de indivíduos imunes para indivíduos não-imunes: o organismo onde se injecta o soro imune (o soro é um humor) "adopta" a competência imunitária do dador e dado que essa competência é específica considera-se que é mediada por anticporpos. A imunidade mediada por células, em experiências de transferência adoptiva, atribui-se em regra a linfócitos Tc presentes na população celular transferida. Mas nas situações "reais", e dada a interrelação funcional entre diversas classes de imunoglobulinas, derivados do complemento, redes de citoquinas e de APCs, etc., nas respostas imunitárias, é de pouca valia estabelecer uma distinção entre o que depende de anticorpos e o que é mediado por células.
Afinidade vs. avidez -- As interacções entre antigénios e anticorpos são comparáveis às interacções enzima-substrato, definindo-se para cada tipo de anticorpo e o antigénio que ele reconhece uma afinidade, medida em unidades de l/mol (M-1). As IgMs têm em geral uma bai«xa afinidade (Ka da ordem dos 107 M-1), enquanto as IgGs têm geralmente uma alta afinidade (109 M-1). Mas a medição das constantes de afinidade Ka requer antigénio e anticorpo purificados, o que no caso destes últimos só é possível com anticorpos monoclonais. Para soros policlonais, em vez de se falar de afinidade fala-se de avidez, que é uma medida global da força das interacções entre o antigénio (purificado) e os diversos anticorpos que o reconhecem, presentes nesse soro (em condições experimentais padronizadas). Se for viável extrapolar dos resultados experimentais para situações in vivo, a avidez tem um grande significado fisiológico, pois permite avaliar a imunidade do indivíduo para o antigénio com que se fez a medição. Nestas situações, a avidez mede-se, ao contrário da afinidade que é em medidas universais, em termos relativos, sendo o padrão o soro pré-imune: do mesmo indivíduo ou estirpe quando sem contacto prévio com o antigénio. A avidez depende não só da afinidade das CDRs de uma imunoglobulina mas também do número de CDRs por imunoglobulina: as IgMs (pentaméricas) têm uma avidez da mesma ordem de grandeza que as IgGs (monoméricas), formando redes de interacções antigénio-anticorpo que atingem a zona de equivalência com títulos semelhantes, apesar da sua mais baixa afinidade, às IgGs.
Idiótipo vs. paratopo -- O idiótipo de um anticorpo é a porção deste característica do clone de linfócitos B que o produziu, e é formado pelo primeiro domínio conformacional (a contar da extremidade amino) de um par de cadeias H e L em conjunto. É ao nível do idiótipo que se define a especificidade do anticorpo por um determinado antigénio, pois medeia a interacção daquele com uma determinada conformação à superfície do mesmo, o epitopo. O paratopo é a superfície de contacto do idiótipo com o epitopo, a que lhe é tridimensionalmente complementar; através das ligações não-covalentes que se estabelecem entre estas duas superfícies que dá-se, a nível molecular, o reconhecimento do antigénio. No caso particular de um anticorpo anti-idiotípico (anticorpo 2 na figura), que reconhece como epitopo o idiótipo de um outro anticorpo (1), se for exactamente complementar do paratopo deste último verifica-se que o paratopo 2 é uma réplica muito fiel do epitopo (E) que é reconhecido pelo anticorpo 1.
CD (cluster of differentiation) -- Conjunto de anticorpos monoclonais (de murganho quase sempre) que reconhecem epitopos de uma molécula cuja presença à superfície de certas células do sistema imunitário contribui para a discriminação (a sua diferenciação) em relação a outros tipos celulares. É assim que, por exemplo, se podem distinguir diferentes graus de activação na linhagem macrofágica, diferentes subgrupos ("subsets") de linfócitos, etc.. O termo CD3 engloba muitos anticorpos monoclonais específicos para um complexo proteico multimérico associado ao TcR dos linfócitos T. Uma célula CD3+ é definida pela detecção desse complexo através de um anticorpo CD3 e, por uma assimilação de linguagem, também se designa a molécula reconhecida por CD3. O receptor para a transferrina (marcador de linfócitos T activados, por exemplo) é reconhecido pelos anticorpos CD71, pelo que por vezes é também designado CD71.
Restrição MHC -- O reconhecimento dos antigénios pelos linfócitos T é feito sobre pequenos péptidos associados a moléculas MHC, o que implica terem os respectivos TcR primordialmente uma especificidade para essas moléculas MHC. Diz-se por isso que o antigénio activa um determinado clone T "no contexto de" esse MHC. Verifica-se que, provavelmente pela selecção negativa ao nível do timo, apenas entram na circulação linfócitos T capazes de reconhecer os tipos MHC do próprio (self), dado que as moléculas que vão apresentar os antigénios são do mesmo indivíduo; por isso a restrição MHC é primordialmente ao MHC self. No entanto, na rejeição de enxertos, na doença da reacção do enxerto contra o hospedeiro (GVHD), ou no modelo experimental das culturas mistas de linfócitos (as MLC, mixed lymphocyte cultures), o reconhecimento (e reacção citotóxica subsequente) é feito num contexto MHC nonself (alo-reactividade), interpretável como resultante de uma reactividade cruzada entre as especificidades existentes (restritas ao MHC self) e certas especificidades em contextos nonself.
Via de administração -- em geral, a toxicidade é máxima pela via que leva mais rapidamente a substância tóxica até à circulação sanguínea: i.v. (intra-venoso) > inalação > i.p. (intra-peritonial) > i.m. (intra-muscular) > s.c. (sub-cutânea) > oral > cutânea (intra-dérmica ou i.d.)
Regime e local de injecção -- a quantidade de material tóxico injectado por minuto influencia consideravelmente a dose tóxica efectiva; também a escolha da veia por onde se injecta pode (dependendo dos obstáculos e tempo que se interpõem entre o local de injecção e os tecidos-alvo) influenciar a dose tóxica efectiva.
Uma classificação dos compostos por toxicidade coloca o nível de "extrema toxicidade" (classe 1), para a administração via oral em murganhos, a < 1 mg / Kg de peso.