DEDICATÓRIA

        (Ao Joaquim Castro Caldas, poeta)

        Admito serem gotas
        Orvalhos e lágrimas
        chuva e suores
        degelo
        Que desfilam encosta abaixo
        Onde só vejo um rio
        Lembrando-me a sede
        Que um braseiro,
        Do que fiz e do que sou,
        Tudo evaporou

        Água! Mistura de tantos dramas
        Täo plácida...
        Sedento eu vou
        Por teu brilho,
        Por só ver um rio,
        Mas pouco bebo
        E o braseiro resiste
        A sede que torne
        Me faça de novo tragar
        Orvalhos e lágrimas
        chuva e suores
        degelo.

        26 e 27 de Março de 1991

        (Café-restaurante Aviz, Porto)