Pequena ode a um pequeno senhor

Sou o galo de Simão Pedro
E à terceira vez que te cante
Logo veremos se acordas
Tu, com esses portes de Infante
Penteado e vestido para as cortes
Decorativo como um ceptro...

Sou o cão com a esgana
E tu fitas meus olhos vidrados
O que é que o meu espasmo tem?
Vejo atrás de ti os cortinados
Cores e toque suaves de quem
Muito recobre e pouco emana
 

Glória à tua bela imagem
À tua voz bem modulada
Às tuas maneiras impecáveis de cortesão
Com que trazes resposta bem doseada
E poeira à nossa visão
Fazendo de tudo uma miragem
 
 
Évora, 25 de Maio de 1995