Esta Primavera fui ver as flores do campo;
Passeei no meio delas, calmamente,
A sentir-lhes as cores, o toque, nalgumas o perfume.
Mas aquela que me prendeu a atenção
Estava longe, numa ravina,
Floria antes de todas e ali se protegia
Das últimas tempestades de Inverno.
Se escalasse a ravina não te veria...
Eras tu quem eu tinha no coração sem saber
Hermana de mi alma,
Esta Primavera fiz aviões de papel;
Neles desenhei o meu coração,
Não como ele é, apenas como sabia ele ser.
Lançava-os como um garoto,
Sem ver onde iam parar,
Mas o meu jovem coração, esse ficava,
E ansioso no destino de cada.
Tinhas de ser tu a gostar do desenho...
Eras tu quem eu tinha no coração sem saber
Cariño, ¡te quiero tanto!
Esta Primavera varri as folhas de Outono;
Era um tapete decadente, e por baixo
Descobriu-se um buraco que afundava a direito.
Era ali o meu coração, agora desentupido;
Esse vazio não sentia nada,
Mas nele tu verteste a luz
Que o foi preencher na justa medida
Vem-me de novo a alegria de sentir...
Eras tu quem eu tinha no coração sem saber
Te guardo en mi seno.
Lisboa, 27-28 de Maio de 2002