Tema: vacinação

Texto complementar

Exemplos de vacinas aplicadas com algum sucesso

Forma do antigénio Variantes Exemplos Observações
Intacto Natural Vaccinia (cowpox -- varíola) 1ª vacina (Jenner, 1796); baseia-se na reactividade cruzada com a varíola humana (smallpox)
Atenuado Febre amarela 1º exemplo de atenuação por passagem in vivo (embriões de galinha) (Theilen, 1937)
Poliomielite oral (Sabin) Estirpes 2 e 3 são conhecidas por recuperarem virulência, tendo já causado epidemias
Sarampo / papeira / rubéola
BCG (Mycobacterium bovis) 1º exemplo de atenuação por passagem em cultura (Calmette & Guérin, 1921); confere protecção contra Mycobacterium tuberculosis em apenas 70% dos vacinados
Morto Raiva 1º exemplo de vacina humana morta, neste caso por dissecação (Pasteur, 1882), e com imunização passiva a acompanhar
Poliomielite (Salk) / gripe Gripe: pouco eficiente
Cólera (Vibrio cholerae) 1ª vacina bacteriana no Homem (Pasteur); pouco eficiente
Tosse convulsa (Bordetella pertussis) Perigo de toxicidade pirogénica, e pouco eficiente
Fracções Extractos de superfície Hepatite B Proteína
Pneumonia (Streptococcus pneumonium) Polissacáridos da cápsula das estirpes mais virulentas, acoplados a proteínas imunogénicas
Recombinantes Hepatite B Vantagem de anularem a hipótese de infecção por vírus intactos
Toxóides Toxinas neutralizadas Tétano, difteria Dois exemplos (neutralização com formaldeído) de grande sucesso epidemiológico
Gonadotrofina coriónica Permite esterilização feminina temporariamente
Toxinas recombinantes Cólera Acoplamento a proteína imunogénica


As vacinas com antigénio vivo e intacto têm a vantagem de provocarem respostas que demoram dias (asseguram memória mais eficazmente) e no órgão onde têm de ter lugar; além disso, têm maior riqueza antigénica, pois não só o agente como parte do seu metabolismo estão intactos.

As desvantagens das vacinas vivas é a possibilidade de reversão das mutações que provocaram a atenuação (o que é conhecido, por exemplo, na vacina Sabin para a poliomielite), a possibilidade de causarem doenças graves em indivíduos imunodeficientes, ou ainda de persistirem sem serem eliminados (produzirem um portador são, ou desencadearem nesse portador uma grave crise), assim como a possibilidade de produzirem hipersensibilidade, tomando a vacina não uma acção protectora mas sim um agente de morte programada: o contacto com o antigénio uma segunda vez traduzir-se-á numa reacção exacerbada que pode ser mortal para o indivíduo.

Uma das razões para as vacinas recombinantes terem acoplados imunogénios potentes (como por exemplo o do vírus da raiva), é a de lhes aumentar a eficácia de imunização.

As regras gerais para uma vacina ser bem sucedida a nível epidemiológico são:

A vacinação à generalidade da populacão envolve:

a. 3 doses sucessivas de toxóides de tétano e difteria até aos 6 meses de nascunento, acompanhados das vacinas para a tosse convulsa e a poliomielite, e boosts (reforços) de 10 em 10 anos no caso dos toxáides;

b. entre os 12 e os 18 meses, uma única aplicação da vac'ma tripla contra sarampo, papeira e rubéola.

Imunização passiva

A imunização passiva (injecção de soro contendo anticorpos para o agente, visando bloquear a sua acção no hospedeiro) faz-se pós-exposição, em situações onde os antibióticos não resolvem nada: soros de cavalo são produzidos para bloquear a acção de toxinas (tétano, difteria, botulismo, gangrena, venenos animais diversos), soros humanos para certos vírus (raiva, que é acompanhado pela vacinação; hepatite B; no caso do sarampo, em vez da administração de soro completo são apenas as imunoglobuhnas de soro imune).

Em termos de profilaxia, a imunização passiva também se pode realizar contra as toxinas da difteria e do tétano.

Paulo de Oliveira