Publicado no a 16 de Novembro de 2006. Autor: Barra da Costa.

Greve ideal

Os partidos que vão para as eleições mentem descaradamente. Não aumentam impostos nem reduzem pensões e depois, quando chegam ao poder, fazem tudo ao contrário: "diminuem" hospitais, escolas e fábricas e "aumentam" apenas os impostos e a miséria social. Não veio o ministro Campos e Cunha dizer, 15 dias depois das eleições, que era preciso aumentar os impostos? E logo ele, com os seus 7000 Euros de salário mais 8000 da reforma conseguida aos 49 anos de idade e aos seis de serviço, numa decisão suportada por um colégio de que o próprio fazia parte. É este sistema de mentira que tem de acabar.

Afirmar que numa democracia a vontade da maioria determina as decisões do Estado é o mesmo que dizer que os ratos são legitimados a ir ao queijo desde que não haja ratoeiras. Daí a importância real dos casos: Eurominas, Emáudio, dívidas ao grupo de Bilderberg, Coelho e os tabuleiros mais o de Entre-os-Rios, Fundação mais o aeroporto de Macau, Sócrates e Alcochete, Raposo e a Amadora, Guedes e os sobreiros, banqueiros e o off-shore da Madeira, diamantes e Savimbi, Cruz Vermelha e os Soares, Vitorino e o monte na auto-estrada para o Algarve, bancos e a CGD dos correlegionários que pagam apenas 13% de impostos, Mesquita e o seu último andar de cada prédio a construir na cidade, Curto e o matadouro, Narciso e o património das filhas, Felgueiras e o juiz da ajudinha, etc., etc..

Quando, para governar, é usada uma maioria, paradoxalmente a que não votou, o resultado é o que se está a passar na rua: professores, função pública, militares em reacção geral à falta de verdade que é apanágio deste sistema eleitoral. Mas, pode ser também o princípio de um golpe de Estado que, embora não esteja previsto na Constituição, vai acontecer logo que o povo decidir que a greve mais desejada é a do Governo, que apoiado embora numa maioria absoluta, a todos enganou. Apesar de o seu chefe garantir, nas calmas, que "segue a agenda reformista que o eleitorado escolheu". Haja limites...

Como a democracia requer a existência dum Estado de direito (e NÃO vivemos num Estado de direito, uma vez que a Justiça não funciona), conclui-se que não existe democracia.

Democracia, aparentemente

Se entre os ilustres reformados com uma dúzia de anos no Parlamento encontramos Almeida Santos (4400 Euros), Medeiros Ferreira (2800), Manuela Aguiar (2800), Pedro Roseta (2800), Helena Roseta (2800), Narana Coissoró (2800), Álvaro Barreto (3500), Vieira de Castro (2800), Leonor Beleza (2200), Isabel Castro (2200), José Leitão (2400), Artur Penedos (1800), Bagão Félix (1800, mais a reforma que usufruiu antes dos 60 anos); se entre os distintos reintegrados deparamos com Luís Filipe Pereira (28890 Euros, 9 anos de serviço), Sónia Fortuzinhos (62000, 9 anos), Maria Santos (62000, 9 anos), Paulo Pedroso (48000, 7 anos), David Justino (38000, 5 anos), Ana Benavente (62000, 9 anos), Maria Romão (62000, 9 anos), e Nobre Guedes (62000, 9 anos), que dizer de Paulo Macedo, herança de Manuela Leite na Direcção dos Impostos, que continua a receber 20 mil Euros mensais quando o salário base do PR é de 4700 euros/mês?

Imaginem o que me deve tocar a mim por reivindicar destes senhores, ao fim de 12 anos, os meus 340 contos de reembolsos de IRS em atraso! Ser julgado como terrorista, no mínimo!