[Com o estágio científico] eu soube que a investigação científica é uma aventura, e também um jogo intelectual, fascinante. E que é realmente o que eu quero fazer.
Soube que me dá a oportunidade de sair do convencional, de me embrenhar nos labirintos mais embaraçados -- naqueles onde a generalidade das pessoas não atreve o passo, porque se saberão obrigadas a lutar contra a incerteza de ter sucesso. Eis o que é aventura para mim, sem a qual a vida é uma chatice pegada.
A essência do processo de investigação é, por outro lado, um jogo avassalador de perguntas e respostas, insignificantes em si mesmas, mas que mantêm o espírito insistentemente em estado de excitação intelectual, assim o alimentando. Alguém me representou tal processo com um triângulo mente-olhos-mãos percorrido por um fluxo de informação incessante, inquieto. A esse respeito vem a propósito a seguinte citação: (in "Autobiografia", de Charles Chaplin)
"Com o decorrer dos anos descobri que as ideias nos surgem à força de muito as desejarmos; o espírito torna-se assim uma espécie de torre de vigia em que se está de atalaia a todos os incidentes susceptíveis de excitar a imaginação: a música ou um pôr-do-Sol podem suscitar-nos uma ideia. (...) Como nos ocorrem as ideias? À custa de uma perseverança tenaz, quase de endoidecer. É preciso ter capacidade de sofrer a angústia e manter o entusiasmo durante um largo período."