Em 30 de Setembro de 1996, recebi no meu endereço pessoal em Évora, um "Inquérito aos Formandos do Programa CIENCIA" integrado num estudo de avaliação e impacto da formação avançada de recursos humanos em C & T no âmbito do PROGRAMA CIENCIA, a cargo dos centros do ISCTE DINÂMIA e CIDEC por encomenda da JNICT. Os contactos eram Dr. Vítor Cavaco e Dr. Joaquim Bernardo, 01-8151633/48, e a coordenação da equipa por Helena Lopes. Na última página do inquérito abriam um espaço "para desenvolver algumas respostas que deu ou tecer outras observações relativas ao assunto em análise". Assim fiz:

Quem estava "instalado" continua a dominar tudo no panorama do esforço científico em Biologia e áreas afins. O programa Ciência não veio introduzir alternativas ­ foi absorvido pelo status quo e limitou-se a alimentá-lo, de dinheiro, de mãos, mas não alterou em nada as perspectivas de uma afirmação nacional em áreas científicas. Mesmo considerando que as situações não mudam em tão pouco tempo, houve a oportunidade de abrir vias, de instituir novas regras, e nada disso aconteceu. Mesmo pessoas imbuídas de um espírito renovador, como a minha orientadora, optaram pelo caminho mais simples ­ a acomodação. Pessoalmente, fiquei com uma péssima imagem da vida como bolseiro: é uma situação precária, sujeita aos acasos de uma boa instituição e de uma boa orientação, ambas com probabilidade muito baixa no nosso país, e sem tendência para aumentar. Duvido que a responsabilização das instituições e dos orientadores seja uma realidade, ou que se venha a torná-lo.