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Recursos genéticos

Desde há décadas que os melhoradores de plantas se ocupam a localizar as populações mais antigas das espécies de seu interesse, porque é nestas que os efeitos (necessariamente lentos) da selecção natural estão melhor "amadurecidos" — ou seja, a definição dos tipos selvagem, se bem que não esteja maximizada para a produção agrícola nessas populações, está-o para todas as características que incidem na sobrevivência e que, do ponto de vista agronómico, são potencialmente importantes (cf. "introgressão"). Além disso, pela exploração de mecanismos de vigor híbrido eventualmente resultante do cruzamento entre variedades melhoradas e as formas "primitivas" presentes na natureza, a própria produtividade também pode beneficiar.

Os chamados centros de biodiversidade de cada espécie são regiões onde a riqueza genética que contêm é considerado um património insubstituível mesmo a médio prazo, e como tal são protegidos. Muitas vezes coincidem com as regiões onde a espécie se encontra ou encontrava em estado selvagem, por exemplo a região mediterrânica e do Crescente Fértil (bacias do Tigre e Eufrates, até ao Mar Cáspio) constituem os centros de biodiversidade de grande parte dos trigos; a soja "vem" do Extremo Oriente, o cafeeiro da Etiópia, o arroz do sueste asiático e subcontinente indiano, o tomate da América...

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Preservação do germoplasma: ex situ e in situ

Os bancos de germoplasma são depósitos de biodiversidade devidamente catalogados que vão sendo recolhidos ou da natureza ou dos programas de melhoramento. Devido à enorme quantidade de material que pode amontoar-se, é na prática impossível testar e multiplicar tudo o que existe, por isso a crio-preservação constitui uma das maneiras economicamente viáveis de preservar o germoplasma. A esta estratégia "estática" contrapõe-se uma estratégia "dinâmica", na qual se opta por manter o germoplasma através de populações contínuas no tempo, necessariamente tendo em muita atenção os problemas de consanguinidade que pode acarretar.

É no contexto das estratégias dinâmicas que se colocam alguns dos desafios mais importantes para os agricultores e melhoradores. O germoplasma crio-preservado vai perdendo a viabilidade (problema que se coloca com maior ou menor precocidade consoante as espécies) e acaba por ter de ser "rejuvenescido" com pelo menos um ciclo de sementeira e colheita da nova geração de sementes. Cada ciclo desses vai provavelmente traduzir-se num aumento da consanguinidade nas sementes que se colhem para nova crio-preservação, e constitui um problema adicional porque a repetição desses ciclos nas estações de melhoramento, ou seja longe dos locais onde as espécies devem ser semeadas para produção (ex situ), pode vir a favorecer genótipos que podem não ser os melhor adaptados às condições que usam os agricultores, seja pela elevada qualidade dos terrenos dessas estações, pelo uso de fertilizantes e outros químicos, etc.. Em contraste, a preservação in situ compreende uma colaboração entre agricultor e melhorador, no sentido em que aquele se encarrega de manter no seu terreno os lotes que este lhe entrega. A coordenação de uma rede de agricultores pelos melhoradores, nesta estratégia, tem o potencial de resolver os problemas da preservação dinâmica do germoplasma de uma espécie numa região onde ela exibe maior diversidade.

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