Arte é uma forma de Amor, que se canaliza na contemplação e no estudo do que é belo, assim como na sua criação e comunicação. A vida sem arte é triste, é limitada, é um falhanço. E afinal todos nós podemos ser artistas; pudesse cada um dispor-se a exercitar a sua sensibilidade num dos muitos veículos que o espírito humano desenvolveu para tal, e o mundo não seria o que é.
No meu caso, encontro em todas as manifestações artísticas uma possibilidade de transportar-me para um mundo de beleza e de consolo espiritual. Todos precisamos de uma evasão, e eu tenho-a no desenho, na poesia e principalmente da música. Além disso, em 2001 e 2002 fiz para o Diário do Sul umas críticas de cinema, que retomei apenas online em 2006 (incluindo às vezes no Cinecartaz do Público, quando eles se lembram de as afixar), que talvez gostem de ler.
Como músico tornei-me em três coisas:
Comecei com umas canções rock, mas a partir do momento em que ingressei no Coro da Universidade de Lisboa comecei cada vez mais a compor em moldes clássicos. Compor é de todas as actividades musicais a que mais me fascina. As composições são como filhos que gerámos no nosso espírito. Pode ver-se neste site uma lista de composições da minha autoria.
Leo Ferré disse uma vez que dirigir uma orquestra vale como fazer amor mil vezes, e com a direcção de coros passa-se o mesmo. Foi da vivência no Coro da Universidade de Lisboa e dos estágios dirigidos pelo seu maestro José Robert que me veio o conhecimento e a vontade de dirigir coros. Deixei-me disso após a desistência do grupo Nós e os Outros, em Évora, mas da carreira que fiz colhi uma experiência muito rica que, entre outras coisas, espero venha a frutificar pela partilha sob a forma de um guia prático.
Em rádios emitindo a partir de Évora (difusão apenas local), primeiro a Rádio Diana (94.1 MHz) e depois com a Rádio Jovem (105.4 MHz), foi quase uma brincadeira que me permitia descontrair um pouco, conviver com malta bem gira, e me estimulou a explorar os discos que tenho e os que aparecem. Devo a esta experiência a oportunidade de fazer uma ronda pelas bandas que considerei mais interessantes da extraordinária cena Rock de Évora, que desde 1996 e sobretudo entre 1999 e 2001 mostrou uma grande vitalidade e excelência que nunca vi noutro lado. Desta cena saíram no circuito comercial discos dos Prime e dos Houdini Blues, e tenho muita pena que não chegassem a conhecer-se os Smoke the Pipe e os Blue Dolls, entre outros.
Juntei neste site alguns comentários aos estilos musicais, que estão incompletos mas podem interessar mesmo assim.
Na cidade do Porto, o Pinguim Café, com o poeta Joaquim Castro Caldas, aproveitou a maré do filme "Clube dos Poetas Mortos" para iniciar em 1990 as suas "2as feiras líricas", encontros informais em que fundamentalmente se lê poesia mas também se fazem performances e outras maluqueiras. Ambiente em geral muito boémio, exemplo que a população da cidade tem acarinhado, ao ponto de manter-se naquele local ao fim de vários anos e até propagar-se noutos locais. Foi no Pinguim que pude descobrir como eram fascinantes as obras de António Gedeão, Cesário Verde ou António Nobre, por exemplo.
A poesia ganha uma especial expressão através da música, e a composição cantada coloca o extraordinário (e maravilhoso) desafio de unir duas formas de arte numa só obra de arte. Como compositor sinto um enorme carinho pela poesia, mesmo quando ela não é fácil de musicar: os bons poetas são indivíduos cujas visões nos fazem viver a vida de outra forma, sobretudo porque as transmitem com beleza. Compilação de poemas